Britten - Rejoice in the Lamb op. 30

Fragmento 169


Para todos os gatos: 
a passagem sobre o gato Jeoffry,
a que Britten dedica um solo de soprano,
com algum humor (felino) - subtil que baste.


Christopher Smart (1722-1771) é o autor de Jubilate Agno, o poema a partir do qual Britten compôs a cantata em epígrafe.
 
Jubilate Agno glorifica Deus e o Cordeiro ao longo de cento e vinte sete versos - sete dos quais começados pela palavra «let», quarenta e quatro pela palavra «for», e, destes últimos, doze que são finalizados pela palavra «like». 
 
Esta repetição mecânica destila uma obsessiva luz maquínica sobre todo o poema e produz um imediato efeito de estranheza - mais ou menos como se encontrássemos uma linha de produção em série no meio de uma floresta de eucaliptos.
 
Por outro lado, não deixa de ser curiosa e absolutamente idiossincrática a agilidade com que Cristopher Smart passa dos exemplos clássicos para o seu gato Jeoffry, para um rato (que é «uma criatura de grande valor pessoal»), para a linguagem das flores («a poesia de Cristo») e para um conjunto de instrumentos musicais, passando por quatro letras do alfabeto - HKLM.
 
Cristopher Smart foi julgado por uma «Comissão de Loucura» e foi admitido como «doente curável» no St Luke´s Hospital for Lunatics, em 6 de Maio de 1757.
 
Foi aí que escreveu Jubilate Agno.
 
Mais tarde passou de «curável» a «incurável» e foi transferido para o Asilo de Mr. Potter, por razões monetárias.
 
Porém, certos factos sugerem que a admissão de Smart num asilo para loucos não se deveu tanto à deterioração da sua saúde mental como ao seu talento incorrigível para contrair dívidas impossíveis de pagar.
 
Apesar de ter saído do asilo, Smart acabou por morrer em 20 de Maio de 1771, numa prisão para devedores.
 

 
 
 
 
For I will consider my cat Jeoffry.
For he is the servant of the living God.
Duly and daily serving him.
For at the first glance
Of the glory of God in the East
He worships in his way.
For this is done by wreathing his body
Seven times round with elegant quickness.
For he knows that God is his saviour.
For God has bless'd him
In the variety of his movements.
For there is nothing sweeter
Than his peace when at rest.
For I am possessed of a cat,
Surpassing in beauty,
From whom I take occasion
To bless Almighty God.