A flor do sal

Sonho CCXXVI


Fazíamos amor durante horas, mas, no final, estávamos mais sós do que antes.
 
Os nossos corpos tinham-se encontrado, mas não as almas, e, apesar do calor que nos corria por dentro, as nossas almas tinham mais frio.
 
Não deve ser por acaso que a vida dos santos e dos ascetas tantas vezes começa pelo excesso.
 
Cabe frequentemente aos que sucumbem a toda a ordem de vertigens virem a transformar-se nos mais sóbrios e reservados dos homens, nos ébrios de Deus que festejam com erva e água pura.

Colhem a preciosa e evanescente flor da frugalidade, como quem colhe a flor do sal.