Sobre a revolta contra a morte

Sonho CCII


A Françoise amparava a sua amiga Andrée, enquanto passeavam.

Calhava que habitualmente ambas gostavam dos mesmos rapazes. Andróginos, esguios, suavemente viris, com qualquer coisa de feminino e sempre com os olhos negros, os cabelos escuros. 

Gostavam de um ou dois, porque a capacidade de amar não é infinita e porque o desejo se engata sempre numa qualquer particularidade única que só uma pessoa traz, como o anel de uma corrente se engata num outro anel, e não em vários, mas como a Andrée estava tão doente, e como a Françoise a amava tanto, renunciava a todos os rapazes, só para lhos apresentar.

Ao menos que a Andrée fosse feliz ao máximo, antes de partir!

Doía-lhe tanto ver que a sua amiga não conseguia colocar um pé à frente do outro, enquanto olhava para baixo, que já não queria saber de nada, já não se interessava por coisa nenhuma.

Não há nada tão revoltante como quando a morte nos leva um dos nossos melhores amigos, em plena juventude.