Sonho CCIV - Sobre a falta de imaginação



Estava a estacionar numa rua bastante inclinada, quando me apercebi que não conseguia chegar aos travões.

É que a rua era de tal forma inclinada que o banco caíra para trás e eu, com os pés no ar, não conseguia chegar aos travões.

Não sei como conseguia chegar ao volante!...

Fizera a manobra de rabo na perfeição, mas agora, sem travões, na rua inclinada, o carro ameaçava estatelar-se contra um outro que estava estacionado mais abaixo.

Desesperado, tentava resolver a situação, sem qualquer espécie de sucesso.

Via a distância cada vez mais curta entre mim e o outro carro e nada me ocorria que pudesse salvar-nos do desastre.

Que chinfrim!... Que reclamações!... Que despesa!...

Quem iria acreditar que o banco caíra para trás com a inclinação daquela rua?

De repente, porém, tive uma ideia brilhante.

Se virasse o volante totalmente e invertesse a marcha ainda ia a tempo de dar a volta à minha má sorte.

A rua era suficientemente larga para isso e, mesmo que não fosse, sempre era melhor bater contra uma parede do que contra um outro carro.

Fiz precisamente como imaginara.

Agora, mesmo sem travões, sempre tinha a possibilidade de contornar os obstáculos e, como a rua ia a descer, podia ser que o banco voltasse à posição normal.

Afinal não estivera condenado pelas desafortunadas circunstâncias, mas pela falta de imaginação.