Do alto de outra esfera nos lançamos

Fragmento 63
 

Há quem pense: do alto de outra esfera
nos lançamos, breves corpos humanos,
do turbilhão veloz, para esta terra,
e num lance de sorte, aqui singramos.

Estranho tabuleiro de espaço-tempo
aqui onde se joga a chance única
da vida que se arranca ao infinito.
Estranho amor sem nome que nos cruzou
e que me fez nascer em ti, no tempo.

É lá nesse plano do infinito
que estamos abraçados para sempre -
os que só podem nascer uns dos outros.

Pois aí já não há violência ou dor,
nem palavras erradas, nem o caos
com que aqui se vê calar o amor.