Soneto #4




Se uma paixão dissesse a sua causa
e fosse, em vez de um triste hieróglifo,
mais simples e transparente que um grito -
certo é que o caos nunca teria casa.

Nem casa, nem fulgor, nem velocidade
para o caos que faz voar em cascata
em rodopio de folhas e de cartas
o sentido das coisas estabelecidas.

Nada. Nada. Desse rastilho ardente
e que faz vibrar as cordas sombrias
de um corpo rarefeito e mais pungente

nada sobraria. Nem mesmo angústia,
nem mesmo pó, queda ou voo ascendente,
nem sombra de mundo - breve luz fria.