Porquê? Pergunto ao coração gelado.

 


IX

Porquê? Pergunto ao coração gelado.
Porque ardes sempre tu tão raramente,
demasiado sério e pungente,
coração, e sempre por rumo errado?

Querias até fingir ser outra coisa,
coração. Poeira, nuvem ou pluma.
Querias ser leve ou coisa nenhuma.
Paisagem vã em que nada se ousa.

De que serve, porém, querer que se esfume
tua essência, natureza candente,
absurda, veloz, brilhante e incólume?

O amor desvalido e sempre errante
num só e velho verso se resume.
Erros meus, má fortuna, amor ardente.