Sobre o suicídio


Marx escreve um pequeno opúsculo sobre o suicídio, a partir das notas de Peuchet (1758-1830), um ex-arquivista policial com uma trajectória de vida particular. Este texto em português peca por não separar os comentários de Marx das citações de Peuchet. Mas é possível fazê-lo, por exemplo, nos arquivos online dos trabalhos de Marx em inglês. O que me fascina, na análise de Marx, que considero, como em tantos outros aspectos, visionária, é que ele não aborda o suicídio do ponto de vista de um sintoma da saúde mental, como hoje em dia é um chavão acontecer, mas como produto de um conflito insanável de forças que se estabelecem entre a sociedade, a família e uma pessoa, ou um conjunto de pessoas. Gostaria de conseguir pensar sobre o suicídio, antes de Setembro, escrevendo um "pequeno ensaio sobre a estranheza," a partir da terceira parte de uma frase que ali aparece: «A opinião é muito segmentada por via do isolamento dos homens; é ignorante demais, corrompida demais, porque cada um é estranho de si mesmo e todos são estranhos entre si.»