Que poeira brilhante e esparsa existe




Que poeira brilhante e esparsa existe,
por aqui, nas atmosferas diáfanas
e nas cores que giram em danças átonas,
diz-me que poeira tão fina existe,

por aqui, por onde todos andamos,
e que coisa é nos olhos o esplendor
que nos varre e este estranho fervor
com que de súbito às cores rezamos.

Diz-me, diz-me de onde saltam os olhos
com que nos olham tantas coisas vivas,
quiçá mais vivas ainda que nós,

sérias, dançantes, as cores acendidas
com que ardem tanto estes deuses novos,
diz-me, que poeiras são estas vivas?