Sobre uma confissão

Sonho LXXXIII


Estavam várias pessoas à mesa, numa grande mesa cheia de gente cuja companhia era agradável para a Francisca.

A seu lado, alguém que parecia querer impressioná-la falava de uma produção de vinhos requintadíssimos, como se isso fosse uma coisa realmente digna de interesse.

Ela ria-se, bastante divertida.

Dizia que isso pouco lhe interessava, uma vez que era alcoólica e que tencionava fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para se manter sóbria até morrer.

As pessoas ficavam tão desconcertadas e com uma expressão de tal choque nos rostos que ela escorregava pela cadeira e ficava debaixo da mesa.

A mesa era interessante lá por baixo, por causa da toalha escura. A toalha era pesada e comprida e tocava no chão forrado de alcatifa, enquanto uma penumbra esverdeada e suave se coava através dela.

Além disso, era curioso ver as pernas e os pés das pessoas, calçados com os sapatos.

Havia uma ou duas pessoas que descalçavam um dos pés, ou que tinham um pé meio fora do sapato.

Parecia que estava dentro de uma tenda e, por causa disso, a Francisca sentia-se como uma criança, protegida, escondida e entusiasmada por estar dentro de uma habitação tão engraçada.