A Francisca M. foi entregar um trabalho no Palácio de Buckingham e estava lá um gatinho branco e felpudo, com um laço cor-de-rosa.
«Mas que raio!...»
De uma porta saiu Heinrich Hart, bastante mais velho e sobretudo um pouco mais gordo, o que era muito estranho.
O coração da Francisca M. batia com muita força, como sempre tinha batido, quase ao ponto de a fazer desmaiar, mas ela aguentava-se o melhor que podia.
Afinal, não fazia diferença nenhuma que ele estivesse mais velho ou mais gordo, a emoção era a mesma.
Heinrich Hart porém não a reconhecia e olhava-a com os seus olhos indiferentes e inexpressivos, um pouco críticos, e bastante frios.
Com imensa coragem, a Francisca M. decidiu aproximar-se e disse:
«Olá, não se lembra de mim?... Sou a Francisca!...»
Hart ainda demorou algum tempo a reconhecê-la, olhando-a com aqueles olhos indiferentes e frios.
Por fim, estremeceu com uma espécie de choque involuntário, quase invisível.
Por fim, estremeceu com uma espécie de choque involuntário, quase invisível.
Mas Hart disse apenas «Olá.» e «Adeus.» e foi-se embora.
A Francisca partiu cabisbaixa, tentando o melhor possível conformar-se com essa dolorosa resignação.
«A realidade é realmente terrível!...» Pensava a Francisca. «Como querem que lide com a realidade?...»
De súbito, Hart pareceu mudar de ideias e veio atrás da Francisca a correr.
O problema era que eles se moviam em andares diferentes do mesmo edifício, Hart no andar superior e Francisca no andar inferior.
Hart afinal correra num plano separado da Francisca.
Talvez quisessem encontrar-se (ou talvez fosse mais realista exprimir desta forma apenas o desejo de Francisca, no singular), mas não conseguiam sequer cruzar-se um com o outro.
Os dois planos em que se moviam não se interceptavam.