Fragmento 164
A pele não é só um espaço.
Um corpo não é só matéria.
Pelo fogo que se ateia nas mãos cada milímetro de pele passa a ser uma estepe, um oceano, um continente.
Um corpo é terra e mar e vazio cósmico, buraco negro.
Cada sensação é um rasto.
Há bandos de pássaros que voam, caravanas que marcham em linha pelos desertos, vagões pesados que de súbito entram em marcha.
Viajamos por estas súbitas explosões de movimento e de sombra.
É pela pele que passamos à morte.
E é por ela que habitamos a eternidade.
Como centelhas.