Por vezes duas séries divergentes cruzam-se num uníssono fugaz, que é um fenómeno co-extensivo a toda a vida.
Podemos observá-lo, por exemplo, na coincidência entre os veios do mármore e as nuvens no céu, entre os os traços do mar que recuou na areia da maré vazia e os veios da madeira, entre o corpo da vespa e a cabeça da orquídea, entre os ramos das árvores e o sistema venal do corpo humano, entre as vozes oblíquas e contrárias de um coral de Bach que por segundos se unem num mesmo som ou nesse momento pontual em que dois heterónimos divergentes de súbito subscrevem o mesmo tom, o mesmo tema, a mesma sintaxe ou mesma ideia.
É possível que este seja o resultado universalmente produzido por toda a mecânica do acaso.