Estávamos no meio de uma guerra e, portanto, as
raparigas eram obrigadas a deitar-se com quem aparecesse.
Mesmo assim, a F. de Riverday
conseguia escolher e, afinal, parecia que as coisas não eram assim tão más.
No fim, ofereceram às raparigas a possibilidade de escolher entre uns pijamas limpos que
estavam expostos em cima de mesas, mas só havia partes de cima, não havia
partes de baixo.
Foi isto que lhe inoculou uma
angústia difusa e insuperável.
Quando terminou a guerra e a deixaram
regressar a casa, a F. de Riverday não conseguiu reconhecer a casa.
O jardim estava
transformado num matagal e, na sala, teve de dar um beijo a uma mulher velha
que estava sentada e que não sabia quem pudesse ser.
Seria a sua mãe? A sua
avó?
A mulher não se levantou.
Era uma mulher fria e antipática e a F. de Riverday não queria dar-lhe um beijo.
Na
sala de jantar estavam várias pessoas à volta de uma mesa, mas também não conseguiu
reconhecê-las.
De resto, ninguém se levantou.
Das janelas via-se uma praia de cores alegres, pontuada aqui e
ali pelas copas circulares e coloridas dos guarda-sóis.
Foi só perante essa visão alegre que Riverday sentiu a violência que antes não sentira.
A angústia
perante a visão suave foi de tal modo
insuportável que lhe fez faltar o ar.
Desfeito em mil pedaços que voavam em todas as direcções ao mesmo
tempo.
O corpo.