A meio da noite, ao acordar de um sonho, pensei: «Que belo sonho! Vou escrevê-lo!»
Não valia a pena pegar imediatamente na caneta, pois era um sonho absolutamente inesquecível.
No dia seguinte, empenhei-me animadamente a pintar as grades da varanda, tomar um duche e fazer uma tarte de limão merengada para o almoço dos tios.
Foi só em casa dos tios, ao ouvir «O Anjo do Selo», de Rodion Schedrin, que me lembrei que houvera qualquer coisa empolgante, no meu sono.
Mas o quê?
Puxei, puxei... e, com um esforço notável, consegui obter duas palavras:
«Coke» (de Coca-Cola).
E «Côcô-ri-cô».
(...)
Por coisas como esta é que venho a acreditar que tenho um malicioso génio interior cujo importante propósito me parece unicamente consistir em pregar sofisticadas partidas e assim poder divertir-se supremamente às minhas custas.