Sobre os animais que se multiplicam

Sonho CCXXVIII


A Maria do Mar estava bastante surpreendida por verificar que sofria de uma queda aguda de cabelo.
 
Podia observar no espelho que uma grande queda se tinha verificado no alto da cabeça, criando ali uma clareira circular que fazia lembrar a tonsura dos monges.
 
Para isto a Maria do Mar não se preparara.
 
Sabia que a pele lhe cairia um dia em torno do corpo, que os cabelos ficariam cinzentos, os ossos frágeis, as articulações calcificadas - mas nunca imaginara que pudesse ficar careca.
 
Além disso a Maria do Mar tinha agora um animal doméstico que se multiplicava sob stress.
 
Chamava-se Rasputine.
 
Lá em casa, o vento fazia bater uma porta com estrondo e... ZÁS!...
 
Em vez de um Rasputine - trinta Rasputines.
 
- Rasputine!... - bradava a Maria do Mar.
 
Era como aqueles professores que, pelo medo que inspiram aos alunos, tornam mais insignificante o medo natural que estes têm relativamente à dificuldade das tarefas.
 
Os trinta Rasputines voltavam a ser um Rasputine, mas era sol de pouca dura.
 
Ouvia-se dentro de casa o estrondo de um camião que passava sobre um buraco da estrada e... ZÁS!...
 
Em vez de um Rasputine - trinta Rasputines.