Orgasmos múltiplos

Sonho CXCIX



A Françoise vivia de novo num antigo T0 de onde se via uma nesga de mar.

Estava tudo a cair.

Mesmo umas estantes caras que então tinha comprado e que acreditava que resistiriam ao tempo tinham ruído com o peso dos livros.

«Para quê tantos livros?...»

- A terra move-se de um modo imperceptível. É por isso que tudo acaba por ruir. - Dizia alguém.

A Françoise estava com os olhos cheios de lágrimas e sentia que talvez não sobrevivesse a uma tão grande tristeza.

Sempre tanto trabalho para manter tudo limpo e de pé!... Sempre tanto trabalho só para manter tudo na mesma!...

Entravam no apartamento três homens que vinham fazer as obras.

Um deles perguntava:

- Há aqui alguma mulher? Tu és uma mulher?

E a Françoise respondia:

- Eu sou uma mulher.

- Tanto dinheiro que eu gastei neste candeeiro!... - Dizia o homem. - E ninguém nesta casa o ligou!...

- Um candeeiro que é próprio para mulheres, com a sua luz especial iónica!... - Continuava ele. - Vocês acham que não precisam dos homens, mas precisam!...

De facto, quando ele ligou aquela luz especial iónica, o ambiente ficou muito diferente.

- Foi por isso que tudo ruiu!... - Continuava o homem.

Entretanto entrou pela porta um rapaz que conseguiu seduzir a Françoise com um beijo.

Na verdade, o rapaz era um homem.

Qualquer que fosse a idade de quem se envolvesse consigo amorosamente, passava a ser um rapaz.

Há tanto tempo que não experimentava um beijo que a Françoise deu por si a vir-se quase imediatamente.

O rapaz apercebeu-se disso e ambos fugiram para um parque de estacionamento onde se enfiaram no carro e fizeram quase tudo o que conseguiam fazer.

É incrível como uma mulher pode viajar por tantos picos de prazer, com quase nada.

A Françoise lembrava-se de um certo professor na faculdade que deixava a sua imaginação de tal modo ao rubro só com as palavras que dizia e com o movimento das mãos enquanto falava que ela tinha de sair e torcer as cuecas no final da aula.