Sobre a potência de agressão do cuspo

Sonho XCVIII



Vinha uma data de gente numa comprida limousine, entretendo-se com aquela vulgar maledicência cujo objecto, neste caso, era eu.

Apercebendo-me deste facto, decidia cuspir-lhes.

Na realidade, cuspia-lhes, mas não tinha suficiente cuspo.

Não tinha tanto cuspo como aquele que desejava.

Ou melhor - o cuspo não era uma potência de agressão que estivesse à altura do meu asco.


Man Ray, Podarunek, 1921