(Artur Borboleta) - Fragmento 178



Pedaço de papel colorido que se agita no ar,
 
ao sabor do vento, assim a borboleta
 
voa - e tudo o que pede é a limpidez do azul,
 
ou um vidro em que poisar.
 
 
Delicada ocupação, essa,
 
a de adejar de flor em flor,
 
poisar ao de leve e logo escapar
 
com um voo impossível de fixar.
 
 
Dêem-lhe o sol, as flores e a brevidade
 
de existir sem ter de pensar.
 
 
Existe como um trilo mínimo na imensa sinfonia da terra
 
- ponta ou gume terminado de um excesso de alegria -
 
e que bom que deve ser voar com essa ausência 
 
de nem sequer saber ou sonhar - o que seja habitar.